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Tempos extremos e difíceis

Atualizado: 6 de jul. de 2022

Me parece que viver fica cada vez mais difícil. É impossível abrir o jornal e não tremer diante das inúmeras atrocidades que aparecem todos os dias. Ao mesmo tempo, do conforto que me traz trabalhar de casa ensinando online e viver na quietude do interior, a vida segue um estranho normal alienada de toda a barbárie que se toca em marcha forçada por toda parte do planeta. É compreensível que, de sua placidez, o campo ainda reciproque dejeto e mito. Quem a vê do espaço, linda bola azul que flutua na imensidão do infinito, não pode mesmo imaginar quão cheia ela está dos mais sórdidos patifes.


No cenário mundial, caos. O imperialismo aperta suas correntes em nossa carne há séculos sangrada num esforço obstinado para apaziguar a treta que, não menos dolorosa e sinalizadora do câncer que é esse sistema, também afeta os filhos e filhas esquecidos da metrópole. Até onde vamos todos suportar o peso dos grilhões que nos lançam os ricos - eles que muitos passos à nossa frente já planejam sua fuga para Marte ou para bunkers no caso do anunciado e diariamente mais factível colapso ambiental? Apenas os escolhidos do Reino é que podem se salvar. Para nós, de mãos calejadas e ensanguentadas pelo brandir de foice e martelo na construção do império deles - e por conseguinte de seu futuro e sobrevivência no apocalipse - seguem sobrando as migalhas, a carestia, a dor e a morte. Onde está o futuro brilhante que o capitalismo e que os deuses prometem para quem trabalha e tem fé?


Estudar a União Soviética causa no curioso uma miríade de sensações das quais esse leigo destaca a esperança e o desespero. Esperança, pois foram eles que, em um período de quatro décadas, levaram uma nação de camponeses à conquista espacial. Com as mesmas mãos que hoje sangram com o trabalho alienado - moenda de carne - construíram maravilhas os trabalhadores organizados sob a ditadura do proletariado. Desespero, pois é impossível abrir o jornal e não não tremer diante das inúmeras atrocidades que aparecem todos os dias. O que foi que fizeram, ou fizemos, com um sonho de um mundo sem mais senhores?


“Se nada somos em tal mundo, sejamos tudo, ó produtores!"





#brisas #revoltas #desabafos #professores

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